Posted by : Francisco Souza
sexta-feira, 28 de julho de 2017
A pecadora que ungiu os pés de Jesus, adentrou na casa do
fariseu Simão sem ser convidada e discreta e silenciosamente se agachou junto
aos pés de Jesus. Abriu seu pequeno frasco de alabastro (feito de gesso ou
semelhante) e derramou suavemente o óleo sobre a pele de Jesus, espalhou com as
mãos e recostou sua cabeça juntinho a Ele, especialmente sua face molhada de
lágrimas que caiam incessantemente. E quando já não podia enxugar os pés do
mestre , pois mãos e rosto estavam bem molhados, ela usa os cabelos como se
fosse um lenço. Que bela cena! Quanta gentileza e amor de Jesus por não se
sentir incomodado com a ação. Pelo contrário, Ele compreende perfeitamente a
grandeza de cada gesto, o significado de cada lágrima, o deslizar do óleo que
simbolizava exatamente o bálsamo curador da alma daquela mulher, outrora tão
desprezada e infeliz! Óleo ajuntado sob lágrimas de arrependimento. Jesus
estava no coração daquela mulher, que já não era pecadora, pois estava ali,
implorando perdão. Suspirando por misericórdia. Ela viu em Jesus o amor que não
havia visto em nenhum outro lugar. Cansada de tantos relacionamentos e homens
carnais, ela enfim encontrara descanso, um lugar para deixar o pesaroso jugo e
seguir em frente.
Fazendo um breve resgate dos costumes da época em Israel, as
mesas eram dispostas com três largos triclinium. Sendo
assim, os pés dos que estavam à mesa, ficavam livres. A mulher, então,
pôde sem impedimento chegar aos pés de Jesus. Depois dessa descrição
de costumes, fica fácil compreender a passagem: “E estando por detrás, aos seus
pés, chorando, começou a regar-lhe os pés com lágrimas e os enxugava com os
cabelos da sua cabeça; e beijava-lhe os pés e ungia-os com o bálsamo.” Lc
7:38.
sofás ao seu redor. Um dos lados da mesa,
ficava livre para que os servos pudessem trafegar com tranquilidade ao servir
as refeições . Essa arrumação era herança romana, chamada
Vejam, Simão convida Jesus para jantar e não faz para Ele,
às honras comuns dedicadas a um convidado.
Lucas 7:44- Vês tu esta mulher? Entrei em tua casa,
e não me deste água para os pés; mas esta com suas lágrimas os regou e com
seus cabelos os enxugou.
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Lucas 7:45 Não me deste ósculo; ela, porém,
desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés.
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Lucas 7:46 Não me ungiste a cabeça com óleo;
mas esta com bálsamo ungiu-me os pés.
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Lucas 7:47 Por isso te digo: Perdoados lhe são
os pecados, que são muitos; porque ela muito amou; mas aquele a quem pouco se
perdoa, pouco ama.
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O fato é que o fariseu ficou incomodado com a presença da
mulher, seu modo de tratar Jesus e a não reação Dele. Ela não era digna, será
que não percebia isso? Jesus leu os pensamentos maldosos e preconceituosos de
Simão, mas o fariseu foi incapaz de saber o que se passava no íntimo da
pecadora arrependida. Ninguém compreende tão bem um coração carente e amoroso
quanto Jesus. Ninguém sabe julgar perfeitamente e além da aparência, somente
Ele! Podemos nos enganar sobre o que seja bom e justo. O fariseu se achava
superior a mulher que ungia os pés de Jesus. Ele tinha uma vida social estável,
pertencia a elite religiosa local, tinha influência. Aos seus próprios olhos,
justo. Mas existia uma diferença essencial entre o fariseu e a pecadora
arrependida. Jesus estava sentado à mesa da casa de Simão, quanto à pecadora;
Jesus estava em seu coração. Eis a diferença de um cristão para um fariseu: o
lugar que cada um reserva para Jesus em suas vidas. O homem, não é justo por si
mesmo, mas em Cristo se torna justo: “Sabendo que o homem não é justificado
pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus Cristo, temos também crido em Jesus
Cristo, para sermos justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei;
porquanto pelas obras da lei nenhuma carne será justificada.” Gálatas 2:16.
A mulher amava a Jesus acima de tudo, não teve medo do que
iria enfrentar por sua fé. Diz I João 4:18 “ O verdadeiro amor lança fora todo
o medo”, acho mesmo que esse versículo pode ser usado com fins impróprios, mas
não é esse o caso. Verdadeiramente ele se aplica a situação da pecadora que
ungiu os pés de Jesus, ela não teve medo de entrar na casa de Simão sem ser
convidada e prestar honras a um homem que tinha certeza ser o Messias Salvador.
Ela foi corajosa, mais que isso, ela muito amou. E assim Jesus a descreve para
os presentes: “uma mulher que amou por demais porque teve uma grande dívida
perdoada” Lucas 7:47. Simão amou pouco a Jesus, e amou demais o mundo.
Ele teve
receio de tratar Jesus bem demais e ser criticado por seus colegas de religião,
ele teve medo de demonstrar amor. E se isso aconteceu, é porque o medo venceu ,
o amor perdeu. Simão é o típico exemplo de pessoas que confessam ser cristãs
por conveniência. Convidam Jesus para suas mesas, mas não O deixam entrar em
seus corações e nos demais recintos da casa.
A mulher que ungiu os pés de Jesus, estava visivelmente
grata por tudo e prestou - Lhe uma adoração sincera. Os gestos dela, repletos
de amor e simplicidade, impressionaram a Jesus muito mais que o
jantar de luxo oferecido por Simão. Com um frasco de unguento, ela unge os pés
de Jesus. Por que os pés? Já me perguntei tantas vezes, já que a unção
sacerdotal era sobre a cabeça. Quem sabe, para retribuir o conforto de
andar em um novo Caminho, de não mais pisar os pés em lugares inseguros e
escuros. Quem sabe, para proporcionar descanso a Jesus, pelas muitas caminhadas
feitas salvando vidas, nas quais ela se incluía. Um descanso que ela
experimentava agora. Não nos é dado o valor do unguento, mas certamente foi
ajuntado com zelo e guardado com muito cuidado para a ocasião. Que nós também,
possamos ter zelo com nosso culto, nosso relacionamento com Deus. Que tenhamos
momentos de derramar lágrimas e agradecer com todo o coração por tudo que Jesus
é. Que agradar aos homens não seja mais importante em nossas vidas, do
que agradar a Deus.